15 de mar. de 2011

TIPOS DE COLEIROS

Durante anos os Sporophilas do título têm me intrigado. Sou do Leste de Minas Gerais, divisa com o Espírito Santo, e todo ano, por volta de setembro eles começam a aparecer e ficam por lá até meados de março.

Foto 1
Dos 6 aos 20 anos criei coleirinhos e baianos em gaiolas, e os capturei com alçapões e diversas outras armadilhas. Durante esse período eu os observei em cativeiro e em liberdade tendo aprendido muito sobre seu comportamento. Acumulei incontáveis horas de observação, entretanto, somente agora descobri que houve um "split" entre os S. nigricollis e os S. ardesiaca, o que demonstra que há muito ainda para aprender.

Estou conseguindo acumular com dificuldades alguma literatura sobre esses bichos tão bonitos e interessantes, e diversas questões estão sem resposta, entre elas:
porque existem alguns com costas cinza e outros oliva? 
porque os bicos dos machos variam de cor entre o prata e o amarelo? 
porque uns têm cabeça cinza e outros preta? 
essa varidade de características têm algo a ver com a idade? 
são espécies diferentes? 
como diferenciar suas fêmeas? 
será que eles sabem diferenciá-las? 
para onde vão entre os meses de abril e agosto? 

Sabendo da quantidade e qualidade dos observadores e fotógrafos que frequentam as páginas do Multiply, estou trazendo algumas fotos para ilustrar essas questões e, se possível, conseguir algumas respostas.

1- Sporophila nigricollis x Sporophila ardesiaca

O S. nigricollis apresenta cabeça preta, costas oliva e peito amarelado, ou "branco sujo".

Foto 2
O exemplar da foto 2 ao lado é bem típico.
Notem que o bico é quase prateado e que este indivíduo tem pequenos indícios de um "bigode" como o dos S. caerulescens, podendo ser indicação de hibridização, assunto que gostaria de deixar de lado, por ora.

O S. ardesiaca, por seu lado, apresenta cabeça preta, costas cinzas, peito branco,como se pode ver na foto 3, abaixo.

Foto 3 

O bico desse apresenta pequenos traços de amarelo. Poderia ser creditado à idade? Ou seria mais uma característica a se considerar para novo "split"?

Esses dois, que sempre conheci por "papa-arroz" e que acreditava serem uma só espécie, com os mais jovens com barriga amarela e costas oliva e os mais velhos com barriga branca e costas cinza, foram divididos em duas espécies diferentes: S. nigricollis e S. ardesiaca, respectivamente.

Ainda não consegui o "paper" que determinou essa divisão e não sou habilitado para questioná-la. Não tenho formação acadêmica como ornitólogo e não conheço o suficiente do assunto.
2 - Similaridade entre S. caerulescens, S. nigricollis e S. ardesiaca
Há porém uma questão que, ao que eu saiba, não está sendo devidamente considerada, e que me deixa perplexo quanto ao "split" acima mencionado. Deixo claro que não consigo acompanhar os estudos em andamento e posso estar completamente enganado quanto à falta de pesquisa sobre o caso.

As mesmas características externas (fenótipo) que se verificam nos dois sporophilas mencionados, também são observadas nos S. caerulescens, como bem demonstra a foto 4 a seguir.

Foto 4Notem que os dois indivíduos na parte de cima, apresentam as mesmas características dos S. nigricollis e S. ardesiaca, embora sejam Sporophila caerulescens.

Sem saber se há algum determinante oculto (genótipo) envolvido no "split" já mencionado, causa-me espécie não ter havido um "split" equivalente nos S. caerulescens.

Ou o "split" promovido com o S. nigricollis não tem sentido, ou falta sentido na manutenção dos S. caerulescens acima fotografados como pertencentes a uma só espécie.

3 - Sporophila caerulescens com cores diferentes

Os S. caerulescens ainda apresentam outras características muito divergentes dessas ilustradas acima. Alguns deles não têm a cabeça preta, mas cinza claro, assim como o dorso. E vários apresentam ainda o bico amarelo, e não branco prata. Vide foto 5 a seguir.

Foto 5

Nota-se claramente que a cabeça não é preta, mas cinza e que as costas também são cinza.

O bico por sua vez é amarelo, não branco prata.

Já ouvi explicação que essas características são devidas a idade, mas não procedem. Já vi indivíduos assim, em gaiolas, por mais de três anos, sem que variassem essas características.

Como ilustração, a foto 6 a seguir apresenta um indivíduo jovem, ainda "virando" (adquirindo a plumagem de adulto), em que já se percebe o bico prateado e não amarelo. Além disso, a plumagem guarda ainda características dos jovens, com tons amarronzados.

Foto 6 

Entre os S. nigricollis ou S. ardesiaca não conheço nenhum caso dessa variação de cor das penas ou bico. Parece ser restrita aos S. caerulescens.

Nunca encontrei nada sobre essas variações, o que me intriga, já que são aves muito comuns. Talvez esse seja o motivo, estudar aves comuns pode não ser atraente.

4 - Hibridação

Há, ainda, a dificuldade de se identificar as fêmeas dessas espécies. Tarefa quase impossível, a não ser se observarmos o casal.

Mas aí também há controvérsias. Será que eles sabem diferenciar as fêmeas de suas espécies? E será que elas se importam com qual macho vão se reproduzir?

Há vários exemplos de possível hibridação entre as espécies. Até já me foi dito que os S. caerulescens com barriga amarela e costas oliva seriam híbridos com o S. nigricollis. Nisso eu não acredito. Só com provas de DNA.

Entretanto, há vários indícios de hibridos entre essas espécies, como se pode ver nas fotos 7 e 8 a seguir.

Foto 7 Foto 8


Como se vê, o indivíduo da direita parece-se muito com um híbrido com forte ascendência de S. caerulescens, ao passo que o da esquerda se parece com um híbrido com ascendência de S. ardesiaca.

Esta hibridação pode ser causada pela semelhança entre as fêmeas? Seriam elas indiferentes às características dos machos?

Não acho que seja assim. Uma promiscuidade entre as espécies provocaria uma quantidade muito maior de indivíduos com características de hibridação, o que não acontece. Não chega a ser uma raridade, mas também não se acha indivíduos como o da foto 8 com facilidade.

Não tenho conhecimento de estudos sobre as áreas de ocorrência dessas espécies, mas me parece que se sobrepôem bastante. O Leste de Minas apresenta as três. Com exceção da foto 8, que é de 2008, todas as demais foram tiradas no quintal da casa de minha Mãe, nos dias 11 e 12 de outubro/2009, o que demonstra bem essa sobreposição das áreas de ocorrência

Fonte

Site multiply


Por, Daniel Esser

8 comentários:

  1. ée msm intrigante, gostaria de saber tbm por que uns são diferentes (bicos e peitos brancos, amarelos, e alguns com a listra) aqui na bahia são conhecidos como papa capim de cruz (os das listras)

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  2. Aqui na região de Campinas/SP, conheciamos quando ainda haviam muitos, por três nomes:
    Coleira Guassu de Peito Amarelo
    Coleira Guassu de Peito Branco
    Coleirinha Comum (o que tem coleira)

    Acreditavamos ser de espécies diferentes, ou seja, derivação genética de uma espécie. Vemos isso em outras aves, por exemplo o pintassilgo tem diversas variantes de acordo com a região. Também se percebe que criam entre sí em cativeiro, mas não na natureza.

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  3. eu temho um coleira pardo como saber sier um desses

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  4. meu msn é Douglasefn@hotmail.com

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  5. Aqui na Pará tbm há ocorrência, mas os de bico amarelos são bem mais raros e os outros são ambos coleiras. Tenho muita curiosidade os de peito amarelo são chamados de "peito de gema”.

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  6. kd as imagens bulu que nao estao abrindo...

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  7. a maioria das aves em todos os continentes fazem migração quando o inverno se aproxima.
    com os coleiros e bigodinhos não é diferente.
    todos os anos no final de fevereiro os coleiros e bigodinhos fazem migração, os coleiros vão para a Argentina e os bigodinhos para o norte.
    O programa globo rural esteve na argentina e mostrou os coleiros chegando la

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  8. lá em Vitótia-ES,chamamos tds de coleiro,mas fazemos a distinção após o nome: Coleiro,ex:coleiro laranjeira,é o coleira de gola e papo amarelo,o papa capim comum aqui em Brasilia-DF,chamamos de macaco laranjeira,enfim com golinha é coleiro, e sem gola coleiro macaco,aí vem os bicos,ex:coleiro macaco bico amarelo,coleiro bico azul ou amarelo e por aí vai abrç aos manos e minas.VLW PARCEIROS.

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